“Era a hora terceira quando o crucificaram. E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O Rei Dos Judeus.” (Marcos 15:25,26).
Após concluir o julgamento de Jesus, Pilatos mandou que escrevessem uma placa informando o crime por Ele cometido: “O Rei dos Judeus”. As autoridades judaicas reclamaram, mas Pilatos não lhes deu atenção: “O que escrevi, escrevi”, respondeu. Os Evangelistas grafam com ligeira diferença os dizeres da placa. Segundo João, Pilatos escreveu: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus.” (João 19:19).
Ao estudar as razões da morte de Jesus, os intérpretes apontam duas causas: uma religiosa e outra política. A causa religiosa imediata pela qual Jesus foi acusado, julgado, condenado e morto, tem relação com a purificação do templo e sua destruição. A causa menos evidente tem relação com a atitude de Jesus em relação à Lei.
Ao se posicionar em relação à Torah e ao sábado, Jesus assumiu uma posição vista pelas autoridades judaicas como equiparada a Deus: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (João 5:18).
Ao apresentar Jesus no tribunal de Pilatos, seus acusadores sabiam que não seriam ouvidos se declarassem uma causa religiosa, por isso, apresentam uma causa civil (política) para a morte de Jesus, ao afirmar que Ele era inimigo de César.
Após examinar tudo, embora Pilatos buscasse uma forma de soltar Jesus, os principais sacerdotes lhe dissseram: “Nosso rei é César.” (João 19:15). E ante a insistência de Pilatos em soltar Jesus, os judeus gritaram: “Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!” (João 19:12b). Após ouvir esse argumento, Pilatos assentou-se no seu trono e entregou Jesus para ser crucificado.
Por que Jesus morreu? Feita a pergunta, a tradição da Igreja encontrou sua melhor resposta com a “Teoria Anselmiana da Redenção”. Anselmo (1033-1109), filósofo e teólogo, no começo do século XI, explicava a necessidade da morte do Rei dos reis ao dizer que o pecado do homem provocou uma ofensa infinita a Deus. O homem não apenas tocou Deus com o pecado, mas o fez de forma infinita.
Já que o homem é um ser finito, não podia reparar (pagar) uma ofensa infinita. Uma vez que as ofensas eram medidas em razão da categoria do ofendido, ofender um escravo não era a mesma coisa que ofender o rei. Por essa razão, era preciso um ser infinito para satisfazer a honra ofendida de Deus. Se o Rei foi ofendido, somente outro Rei poderia reparar sua honra.
Para constituir esse ser infinito capaz de reparar a ofensa, Deus se encarnou. Como a ofensa infinita foi praticada por um homem, a reparação precisava ser feita por um homem. Jesus é o ser infinito que morreu para reconciliar o homem com Deus, e sua morte reparou essa ofensa infinita: “Porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Apocalipse 5:9b,10).
Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), aquele que foi traspassado pelas nossas transgressões e moído por nossas iniquidades (Isaías 53:5).
Com sua morte, Ele nos reconciliou com Deus: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões.” (2 Coríntios 5:18,19a).
Por que razão Jesus morreu? Para nos reconciliar com Deus, para derrubar a parede de inimizade e nos fazer, novamente, filhos de Deus: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.” (Efésios 2:14-16).
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