O jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira, faleceu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde estava internado para tratar de uma pneumonia. Cid completou 97 anos no último domingo (29) e sua morte marca o fim de uma era no jornalismo brasileiro.
Conhecido como uma das vozes mais icônicas da televisão, Cid Moreira foi um dos principais nomes da Rede Globo, tendo apresentado o Jornal Nacional por 26 anos, em cerca de 8 mil edições do telejornal. O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal transmitido em rede nacional no Brasil e estreou em setembro de 1969, com Cid Moreira integrando sua equipe desde o início. Sua voz grave e inconfundível, além do emblemático "boa noite", tornaram-se sua marca registrada e uma parte da memória afetiva dos brasileiros.
Nascido em Taubaté, Cid Moreira começou sua carreira como locutor em sua cidade natal. Em 1949, mudou-se para São Paulo, onde passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes. Dois anos depois, foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga e se mudou para o Rio de Janeiro, em 1951. Na era de ouro do rádio, Cid foi um dos pioneiros do jornalismo televisivo no Brasil.
Mesmo quando muitos duvidavam do futuro da televisão, Cid seguiu sua intuição e passou a apresentar comerciais ao vivo na TV Rio, em 1963, além de se tornar locutor de noticiários como o “Jornal da Vanguarda”. Ele passou por várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, construindo uma carreira de sucesso no rádio e na TV.
Em 1969, Cid retornou à Rede Globo para apresentar o Jornal da Globo, um programa com apenas 15 minutos de duração, que trazia notícias do Brasil e do mundo. Poucos meses depois, integrou a primeira equipe do Jornal Nacional, onde se consolidou como um dos maiores jornalistas do país.
Apesar de sua presença discreta na redação, a dimensão do telejornal se tornou clara para Cid apenas no dia seguinte à estreia, quando viu a manchete de um jornal destacando o Jornal Nacional. A partir daí, sua carreira tomou uma nova proporção.
Mesmo após deixar a bancada em 1996, quando foi substituído por William Bonner e Lillian Witte Fibe, Cid continuou na Rede Globo, trabalhando em locuções de reportagens especiais e contribuindo com sua inigualável voz para programas como o Fantástico. Um dos seus últimos trabalhos na emissora foi a gravação das vinhetas para a Copa do Mundo de 2010, com a icônica pronúncia "jabulaaaaani", em referência à bola oficial do torneio.
O famoso “boa noite” de Cid Moreira tornou-se o título de sua biografia, escrita por sua esposa, Fatima Sampaio Moreira. O livro, intitulado “Boa noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, reúne depoimentos de jornalistas, amigos e familiares sobre a trajetória de um dos maiores comunicadores do país.
Muito ativo nas redes sociais, sua última postagem foi uma mensagem de carinho ao humorista Tom Cavalcanti, a quem prometeu gravar a abertura de um show. "Uma honra!", escreveu Cid, um dia antes de sua morte.
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