Na noite da última segunda-feira (28), uma Audiência Pública realizada na Câmara Municipal de Betim reuniu vereadores, representantes da prefeitura e população para debater o Projeto de Lei nº 223/2024, que propõe a prorrogação por 12 meses do contrato de concessão do transporte coletivo com a Viação Santa Edwiges. O contrato atual termina em 6 de novembro, e a proposta visa garantir a continuidade do serviço enquanto o processo licitatório do transporte suplementar segue travado na Justiça.
O presidente da Câmara, vereador Léo Contador, destacou que o projeto chegou "no apagar das luzes", alertando para o risco de colapso do sistema caso não seja aprovada a prorrogação. Ele também frisou que o transporte público é uma questão delicada, com o sistema convencional atendendo apenas 37% dos passageiros enquanto o sistema suplementar, que enfrenta uma defasagem de veículos, atende a 63%. Um acordo judicial está em andamento para destravar a licitação do transporte suplementar, o que permitiria a expansão de 134 para 220 veículos em operação.
O debate foi acalorado, com diversas críticas à qualidade do serviço oferecido pela Viação Santa Edwiges. O presidente da Comissão Permanente de Transportes, vereador Paulo Tekim, relatou problemas como o sucateamento da frota, atrasos nas viagens e tarifas elevadas. Esses pontos foram corroborados por outros vereadores, como Carlin Amigão, que defendeu o estabelecimento de prazos para renovação da frota e melhorias no serviço.
A oposição ao projeto também foi forte. O vereador Dudu Braga adiantou que votará contra a prorrogação, argumentando que o contrato foi assinado em 2004, e todos já estavam cientes do prazo final. Para ele, o pedido de prorrogação é um indício da falta de planejamento, enquanto a empresa é apontada como uma das maiores fontes de insatisfação da população betinense.
O vereador Layon Silva também criticou o atraso na apresentação do projeto e destacou as frequentes reclamações sobre o serviço. Por outro lado, o vereador Júnior Trabalhador pontuou que, embora entenda a defesa da prorrogação pelos trabalhadores da empresa, acredita que outra empresa poderia assumir o serviço, mantendo os empregos e oferecendo melhores condições aos usuários.
A bilhetagem eletrônica e o transporte alternativo também foram temas abordados. Valdineu Rosa, presidente da Coopertraf, criticou o fato de a bilhetagem eletrônica estar sob controle da Viação Santa Edwiges, além de questionar a renovação do contrato da empresa, que considera prestadora de um serviço insatisfatório. Já o presidente da Cooperbet, George Suzuki, relatou problemas enfrentados pelos permissionários do transporte de baixa capacidade, setor responsável por 250 mil passageiros mensais e que destina 6,5% do valor das passagens à Santa Edwiges.
Durante a audiência, vários trabalhadores da Santa Edwiges defenderam a empresa, destacando os desafios operacionais. A população presente também manifestou opiniões diversas, refletindo o impacto da situação no cotidiano dos cidadãos.
A decisão sobre a prorrogação será crucial para o futuro do transporte coletivo em Betim. A proposta do Executivo segue em análise na Câmara, onde será votada nas próximas sessões.
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