A exploração sexual infantil continua sendo um grave problema no Brasil, com dados alarmantes que evidenciam a urgência de ações mais eficazes para proteger as crianças e adolescentes. Apesar dos esforços crescentes para combater essa violência, os números mostram que o problema persiste e, em alguns casos, até aumenta.
De acordo com o Disque 100, serviço de denúncia da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, houve um aumento de aproximadamente 8% no número de denúncias de abuso sexual infantil nos primeiros seis meses de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 320 crianças sofrem algum tipo de abuso sexual diariamente no Brasil, mas acredita-se que esse número seja subestimado, já que apenas 7% dos casos são denunciados.
A gravidade da situação é ainda mais preocupante quando se observa que cerca de 70% dos abusos acontecem dentro das casas das vítimas, cometidos por familiares ou pessoas de confiança, segundo a Fundação Abrinq. Esses dados reforçam a necessidade de uma resposta contínua e coordenada das autoridades, sociedade civil e organizações não governamentais.
O PAPEL DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS
As redes sociais e o acesso à internet desempenham um papel ambíguo nesse contexto. Enquanto oferecem plataformas para denúncias e educação, também criam novas oportunidades para a exploração sexual. A cantora e pastora Cristina Mel, uma voz ativa na defesa das crianças, alertou recentemente sobre os perigos das redes sociais, onde crianças podem ser facilmente aliciadas por pedófilos sob a ilusão de promessas de fama.
Cristina Mel destacou a importância de os pais estarem atentos e de a igreja desempenhar um papel proativo na proteção infantil. Ela também participou da pré-estreia do filme "Som da Liberdade", que aborda o tráfico sexual de crianças, e reforçou a necessidade de discutir abertamente esses temas dentro das igrejas e lares.
ESFORÇOS DA SOCIEDADE CIVIL E DAS IGREJAS
Diversas igrejas no Brasil têm se mobilizado para combater o abuso sexual infantil, promovendo campanhas de conscientização, treinamentos e apoio direto às vítimas e suas famílias. A educadora Janete Lima, coordenadora do projeto adventista "Quebrando o Silêncio", enfatizou a importância de garantir a segurança nas igrejas e de treinar os departamentos que trabalham com crianças e adolescentes.
Lima ressaltou que as marcas deixadas pelo abuso sexual são profundas e duradouras, afetando a saúde mental e emocional das vítimas, muitas vezes por toda a vida. Ela chamou atenção para a necessidade de uma abordagem compassiva e protetora, inspirada pelos ensinamentos de Jesus sobre a importância de cuidar das crianças.
DENÚNCIA E PROTEÇÃO
Diante do aumento dos casos de abuso, a denúncia continua sendo uma ferramenta crucial para combater a exploração sexual infantil. Serviços como o Disque 100, o Ligue 180, as delegacias especializadas e os Conselhos Tutelares estão à disposição para receber denúncias e encaminhar as vítimas para a proteção necessária.
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