Heron Guimarães (União Brasil), prefeito eleito de Betim e a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), estão pressionando para que o novo contrato de concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), em elaboração pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), inclua o transporte de passageiros. Os dois gestores defenderam essa proposta durante uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (10), em um hotel na Savassi, em Belo Horizonte.
A proposta visa aproveitar a malha ferroviária para melhorar a mobilidade entre os municípios e criar uma nova opção de transporte público. “Assim como em São Paulo e no Rio de Janeiro, é essencial que os trens sejam usados também para o transporte de passageiros. Hoje, eles servem apenas ao transporte de cargas. Temos um anel ferroviário que passa por 21 cidades, e ele pode ser utilizado para passageiros”, afirmou a prefeita de Contagem, Marília Campos.
Heron Guimarães reforçou o apoio de Betim à proposta e destacou a necessidade de investimentos para mitigar os problemas causados pela ferrovia na cidade. “Betim é a cidade com mais acidentes ferroviários em Minas Gerais. No dia das eleições, tivemos um acidente com um carro atingido por um trem, e três dias antes, houve um atropelamento. Precisamos de 17 obras, como viadutos ou trincheiras, para resolver esses problemas de mobilidade. A linha da VLI passa pelo Centro e pelas regiões mais habitadas de Betim. Esperamos que essa audiência traga isso para o debate”, disse Heron.
As prefeituras de Betim e Contagem acreditam que é possível transportar até 3.000 pessoas ao duplicar a linha férrea entre Betim e o bairro Horto, em Belo Horizonte, com um investimento estimado em R$ 400 milhões em um trecho de 41 km.
Contagem também propôs que parte dos R$ 3,6 bilhões previstos para a renovação da concessão sejam utilizados para construir uma nova estação de metrô na cidade, na região do bairro Beatriz, com um custo estimado em R$ 800 milhões. “Essas intervenções consumiriam apenas uma parte dos recursos”, afirma a Prefeitura de Contagem em documento enviado ao governo federal.
Marília Campos também destacou a importância de resolver a questão da mobilidade. “Se perguntarmos a qualquer morador de Contagem, Vespasiano, Betim ou Ribeirão das Neves, o principal problema é a mobilidade. Usar os trilhos, mesmo que em viagens pontuais, já seria um avanço”.
A audiência em Belo Horizonte é parte de uma série de seis encontros para discutir a renovação da concessão da FCA.
Além do transporte de passageiros, os líderes mineiros estão preocupados com a possível desativação do trecho da FCA entre Contagem e a Bahia, que é fundamental para o abastecimento de matérias-primas, como refratários, para empresas como a RHI Magnesita, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Wagner Sampaio, presidente da empresa, alertou que o transporte rodoviário como alternativa aumentaria os custos e sobrecarregaria a região com mais caminhões. "A mudança poderia adicionar até 30 carretas diárias para o transporte de minério", disse Sampaio.
Comentários: